Nesse mês do orgulho LGBTQIA+ trazemos uma reflexão do filósofo espanhol Paul B. Preciado a partir do seu conceito de “Tecnoconsciências”. Nesse sentido, o autor chama a atenção de que é necessário deixar para trás as visões patriarcais e coloniais de tecnologias (que oscilam entre delírios de superpotência e paranoias de total desempoderamento) para que enfrentemos as formas heterogêneas que nossa consciência está assumindo.
O que Preciado quer dizer com isso? É que estamos mudando, e somente alguns de nós, os que têm o ‘monstro de si’, aqueles nos quais a própria subjetividade e o próprio corpo foram publicamente assinalados como campo de experimentação e testemunhas materiais de mutação, percebem isso.
A partir deste contexto, podemos pensar que o GALA Queer Archive (GALA) funciona como um catalisador para a produção, preservação e disseminação de informações sobre a história, a cultura e as experiências contemporâneas de pessoas LGBTQIA+ na África do Sul.
Como um arquivo fundado em princípios de justiça social e direitos humanos, o GALA trabalha para uma maior conscientização sobre a vida da comunidade queer como um meio para uma sociedade inclusiva. O foco principal do GALA é preservar e nutrir narrativas LGBTQIA+, bem como promover a igualdade social, a educação inclusiva e o desenvolvimento da juventude.
Fundado em 1997 como um arquivo, o GALA foi criado como uma resposta ao contínuo apagamento e omissão da história LGBTQIA+ em museus e arquivos oficiais, mesmo na onda de novas histórias e patrimônios sendo celebrados e enfatizados na África do Sul pós-apartheid da década de 1990. Atualmente, o GALA possui mais de 200 coleções arquivísticas, tanto organizacionais quanto pessoais, que datam da década de 1940.
Suas responsabilidades arquivísticas incluem o armazenamento seguro de documentos e objetos históricos e a garantia de que esse material seja acessível ao público. O GALA também contribui ativamente para o arquivo, coletando material histórico para complementar as coleções existentes ou iniciando novas coleções ao registrar experiências contemporâneas.
Além do seu programa contínuo de arquivamento, o GALA apoia pesquisas, publica, opera uma biblioteca comunitária, facilita oficinas e organiza exposições. O GALA publica sob sua marca, MaThoko’s Books, um veículo editorial para textos LGBTQIA+ e trabalhos acadêmicos sobre temas relacionados à comunidade queer na África.
Dessa forma, o GALA incorpora o arquivo à programação educacional que visa ampliar perspectivas sobre gênero e diversidade sexual. Complementando essa iniciativa, desenvolvem recursos, aprofundam programas de estágio e treinamento voltados à capacitação de jovens queer e colaboram com organizações da sociedade civil em programas que abordam questões transversais.
O GALA atua, sobretudo, como uma tecnologia social que se desdobra a partir de uma exteriorização partilhada da consciência coletiva queer da África do Sul.
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