A Glasgow Women’s Library (GWL) é um espaço único no Reino Unido, reunindo biblioteca, arquivo, museu e centro de aprendizagem em uma mesma instituição dedicada a preservar e ativar as histórias, as lutas e as conquistas das mulheres. Aberto, gratuito e acolhedor, o GWL convida o público a explorar um acervo vivo que vai de literatura, poesia e ensaio a panfletos, periódicos raros, cartazes de campanha, objetos de protesto e obras de arte, materiais que documentam tanto a vida cotidiana quanto os momentos de virada dos movimentos feministas, LGBTQIA+ e antirracistas. A biblioteca reúne vozes de artistas, pesquisadoras, exploradoras e ativistas da Escócia e de diversas partes do mundo, e se abre com mediações constantes e sugestões de leitura para tornar acessível um universo plural de narrativas. Equipe e voluntárias trabalham na catalogação e interpretação desses fundos, tornando visíveis documentos que antes circulavam de forma restrita e que agora integram um patrimônio coletivo.
Como museu, o GWL desenvolve exposições que aproximam passado e presente, colocando em diálogo objetos históricos e debates atuais. Muitas dessas mostras acontecem online, o que permite acesso ampliado a públicos de diferentes lugares e a quem não pode visitar fisicamente Glasgow. O público pode explorar percursos curatoriais preparados especialmente para a web, com textos explicativos, imagens digitalizadas em alta qualidade e interpretações críticas que iluminam o papel desses documentos em suas épocas.
Exposições digitais como We Deserve a Medal recuperam o caráter radical das sufragistas militantes, exibindo objetos de resistência e arquivos de época em plataformas digitais que reconstituem o impacto desses gestos políticos. Exposições como Life Support: Forms of Care in Art and Activism, realizada em 2021, exemplifica a conexão entre arquivo, arte e ativismo, pois a artista Olivia Plender pesquisou os fundos do GWL e transformou a sala comunitária da instituição em um espaço inspirado por pedagogias feministas e ativismos queer em saúde, criando uma instalação permanente que também foi documentada e expandida em formato online. A mostra Equality in Progress reuniu materiais de campanhas contra a Seção 28, legislação que institucionalizou a censura e a discriminação contra pessoas LGBTQIA+ no Reino Unido até o início dos anos 2000, e que hoje pode ser visitada digitalmente em percursos interativos. Outras iniciativas online apresentam os acervos do Lesbian Archive and Information Centre, revelando revistas raras, boletins de organizações comunitárias e publicações de circulação restrita que tiveram papel central na criação de redes de solidariedade entre mulheres.
Esse investimento no digital é parte de uma concepção de museu que entende o acesso como prática política. As exposições online não apenas preservam e dão visibilidade a documentos, mas também oferecem leituras críticas que recolocam esses materiais no presente, estimulando conexões entre gerações de ativistas e criando ferramentas de aprendizagem. Ao mesmo tempo, o GWL mantém atividades presenciais que dialogam com esse trabalho: clubes de leitura, oficinas, visitas ao arquivo e programas educativos de alfabetização e numeracia para mulheres, aproximando novas audiências de sua coleção. Em todos os formatos, a instituição se afirma como lugar de descoberta e pertença, no qual pesquisar as primeiras publicações lésbicas, conhecer campanhas de solidariedade, revisitar arquivos do sufragismo ou entrar em contato com artistas que investigam práticas de cuidado torna-se parte de um mesmo gesto: ampliar o repertório de memórias, recontar histórias silenciadas e imaginar futuros.
Visite: https://womenslibrary.org.uk